Há exatos 15 anos eu era um estudante do primeiro semestre de Jornalismo na UFPB. Na hora do almoço fui, como de costume, ao RU. Ao chegar no centro de vivência encontrei Petrúcio, amigo de Guarabira e estudante de Engenharia mecânica. Foi com um semblante entre o inquieto e pesaroso que ele me disse, antes dos cumprimentos: "Renato Russo morreu!"
A inquietude de meu amigo era compreensível, ele aprendeu violão para poder tocar os sucessos da Legião Urbana ainda no tempo em que estudávamos juntos no CENSL/Objetivo em Guarabira. Frequentei as mesmas aulas, desisti antes de aprender, mas nunca deixei de cantar as canções do grupo. Muitas vezes, acompanhado pelo próprio Petrúcio (ou do grande parceiro Márcio), subi ao palco em eventos da escola para fazer covers de Renato.
Na ocasião não percebi direito, mas um ciclo estava se fechando. Minha adolescência acabava junto com uma banda que não tinha fãs, mas seguidores.
Muitos diziam que a Legião fazia rock messiânico ou outro rótulo qualquer. Na verdade acredito que as letras de Renato Russo refletiam angústias e inquietações existenciais que são, ou eram, típicas do idealismo da juventude. Daí milhões de jovens encontrarem ecos para suas próprias questões na música da Legião Urbana.
Não é fácil reproduzir algo assim hoje. Por isso, quinze anos depois, revendo versos como "Há tempos são os jovens que adoecem/e há ferrugem nos sorrisos/e só o acaso estende os braços/a quem procura abrigo e proteção", continuam atuais, fazendo jus a frase latina impressa em todos os álbuns da Banda:
URBANA LEGIO OMNIA VINCIT