quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

HÁ TRINTA ANOS...

...o mundo ficou vermelho e preto.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

UMA TARDE EM DEZEMBRO

Hoje estava fazendo uma reportagem com o artista plástico e cordelista Márcio Bizerril. Por coincidência, um outro artista guarabirense, o pintor Clóvis Júnior, estava visitando a cidade. Ok, boa oportunidade para pegar um depoimento dele sobre Márcio, de quem Clóvis também é amigo. Quando Júnior chegou, qual não foi minha surpresa ao saber que ele estava acompanhado de Petrus Farias, amigo que eu não via desde o final dos anos 90. Petrus era um bom percussionista... e um ótimo tomador de rum. Hoje representa um marca italiana de café gourmet, coisa de primeira para paladares treinados.

Aí não teve jeito, passamos uma tarde relembrando histórias engraçadas, e trabalhando ao mesmo tempo. 
Não poderia deixar de registrar o momento.
Juan Pablo, Hebert Araújo, Clóvis Júnior, Márcio Bizerril e Petrus Farias

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

QUINZE ANOS COM BENTO SOARES


Conheci Bento Soares em 1996. Eu, vindo de Guarabira para realizar o desejo de me graduar em jornalismo. Ele, cearense radicado em João Pessoa, funcionário do Banco do Brasil realizando o sonho de se tornar jornalista após militar no rádio durante anos. Entramos juntos na UFPB. Nossa turma era 96.2, onde também estavam Ainoã Geminiano, Kaliandra Moura, Janaína Ferreira, Bruno Salles, Juliana Velloso, João Bosco Filho e tantos outros grandes colegas.

Anos depois, Bento confessaria que teve medo sofrer preconceito, já que estava beirando os cinqüenta e se viu cercado por jovens que acabavam de sair do ensino médio.  Estava enganado. Rapidamente todos se tornaram amigos e ele, a única unanimidade da turma.

Em 1998, por problemas pessoais, tive que me ausentar temporariamente da Universidade. Só voltei com força em 2000, decidido a terminar o curso. No meu retorno tive a satisfação de reencontrar Bento, desblocado por conta de suas obrigações com o BB, que o mandara gerenciar agências no interior. Já aposentado, ele levava à frente o sonho do bacharelado em Comunicação.  A turma era outra, desta vez compartilhamos saberes e amizades com Laerte Cerqueira, Fabiana Nóbrega, Ana Aragão e, novamente, com o interminável João Bosco Filho. As caras mudaram, mas o apreço de Bento pelos colegas, e vice-versa, era o mesmo. Havia também outra galera: a turma do futebol. Eliseu Lins, Stéfano Vanderley, Marcos Thomás, Phelipe Caldas e eu, todos em volta do colega/mestre, Bento Soares.

Em 2003 concluímos o tão sonhado curso. Na festa de formatura precisávamos usar uma gravata azul Royal. Ninguém encontrou esta cor nas lojas da capital. Só eu e Bento usávamos as peças na cor exigida e os colegas ficaram curiosos. Acontece que, diante a ausência do produto no comércio, Maria José, esposa de meu amigo, comprou o tecido e fez as gravatas em casa. O sorriso de Bento durante a festa era de uma satisfação extraordinária. Um sorriso de quem não só comemora mais uma conquista, mas o regozijo de quem, pela idade e estabilidade financeira, poderia ter se acomodado, mas perseguiu e concretizou seu sonho de forma brilhante.

Depois de graduados nos afastamos por um bom tempo. O reencontro aconteceu quando a TV Correio passou a transmitir as partidas do Campeonato Paraibano de Futebol e eu fazia reportagem de pista. Ele, atuando como comentarista no rádio, era figura fácil nos estádios. Retomamos o contato e, vez por outra, conversávamos por telefone.
Também encontrei Bento algumas vezes na festa de entrega do Prêmio AETC de Jornalismo. Em 2008 fui o 1º na categoria radiojornalismo com uma reportagem sobre compra de votos. Naquela noite eu e meu caro amigo tomamos muitas doses de uísque e ele, a certa altura, beijou e levantou o troféu que eu havia recebido com uma alegria e um orgulho paternos. Atitude de um homem generoso e que sabia reconhecer qualidades. Na mesma ocasião, minha então noiva, Lisângela, comentou sobre nosso casamento, que aconteceria cerca de duas semanas depois, em Guarabira. Bento não pestanejou: Estarei lá! Avisei que seria uma comemoração modesta e ele reafirmou que iria à Capital do Brejo. Pelo adiantado das horas e das doses de uísque, pensei que aquela disposição seria apenas mais uma das gentilezas dele.

No dia 18 de dezembro, quando entrei no auditório do Fórum de Guarabira, qual não foi a minha surpresa ao detectar aquela inconfundível figura sentada e sorridente em uma das poltronas. Não sei como, mas ele lembrou a data e o horário, chegou mais cedo do que todo mundo e me proporcionou uma grande alegria.

Outro encontro certo que tínhamos era nos finais de ano. De férias em João pessoa, eu sempre agendava uma visita ao querido amigo. Ficávamos horas conversando sobre comunicação, música, futebol e Universidade.

No último dia 25, uma sexta-feira, fui à casa de Bento. A conversa, sempre agradável, teve um longo e nostálgico capítulo sobre nossos colegas de universidade, da 1ª e 2ª turmas. Relembramos nomes e situações. Também falamos sobre ética nos meios de comunicação, do naufrágio do Botafogo dele e do meu Flamengo no Brasileirão. Na saída, ele me agradeceu repetidas vezes pela visita. Eu disse que não era nada, já que aquilo acontecia todo fim de ano. Eu não sabia, mas meu amigo, premonitoriamente, estava me agradecendo por ter ido me despedir dele. Aquela seria a última vez que eu o veria com vida. A imagem dele sorrindo na frente de casa e acenando um adeus definitivo estará gravada em meus olhos para sempre.

Às 05:51 do dia 28 fui despertado por um telefonema de Thales, filho de Bento, comunicando que o coração que abrigava tantos amigos, não resistiu a um infarte.

Sem exageros ou dramas, posso dar aqui algumas definições de Bento Soares: Um homem perseverante e que amava o conhecimento, senão não teria feito questão de terminar o curso de jornalismo e não planejaria fazer uma pós-graduação. Conhecia profundamente futebol e a história da comunicação e crônica esportiva brasileira, assuntos sobre os quais tinha dezenas de livros. Ele próprio escreveu, baseado em sua pesquisa de conclusão de curso, o livro “Vendo o jogo pelo rádio”, onde fez uma radiografia histórica da crônica esportiva no Brasil. A obra, aliás, o levou a ser entrevistado no Programa do Jô, na Rede Globo.
Um comentarista dedicado e atento. Um jornalista focado naquilo que é fundamental à profissão: a informação precisa e verdadeira. Um cronista ético, que não dourava pílulas, não bajulava dirigentes, não criticava ou elogiava além da realidade. Atitudes muitas vezes incompreendidas por intocáveis de nosso futebol, que tentaram, em mais de uma oportunidade, censurá-lo. Os detratores se referiam a ele como “este cearense”. Acostumados a chafurdar no lugar comum da troca de favores, não entendiam os motivos de um homem que opinava de acordo com o que lhe parecia certo.

Um amigo extraordinário. Quem conviveu com Bento, conheceu sua generosidade, gentileza e desprendimento. Um homem que tinha amigos, que também eram admiradores. Tive o privilégio desta amizade durante os últimos 15 anos da vida dele e agradeço por isso. Obrigado amigo, e até a vista.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

URBANA LEGIO OMNIA VINCIT


Há exatos 15 anos eu era um estudante do primeiro semestre de Jornalismo na UFPB. Na hora do almoço fui, como de costume, ao RU. Ao chegar no centro de vivência encontrei Petrúcio, amigo de Guarabira e estudante de Engenharia mecânica. Foi com um semblante entre o inquieto e pesaroso que ele me disse, antes dos cumprimentos: "Renato Russo morreu!"

A inquietude de meu amigo era compreensível, ele aprendeu violão para poder tocar os sucessos da Legião Urbana  ainda no tempo em que estudávamos juntos no CENSL/Objetivo em Guarabira. Frequentei as mesmas aulas, desisti antes de aprender, mas nunca deixei de cantar as canções do grupo. Muitas vezes, acompanhado pelo próprio Petrúcio (ou do grande parceiro Márcio), subi ao palco em eventos da escola para fazer covers de Renato.

Na ocasião não percebi direito, mas um ciclo estava se fechando. Minha adolescência acabava junto com uma banda que não tinha fãs, mas seguidores. 

Muitos diziam que a Legião fazia rock messiânico ou outro rótulo qualquer. Na verdade acredito que as letras de Renato Russo refletiam angústias e inquietações existenciais que são, ou eram, típicas do idealismo da juventude. Daí milhões de jovens encontrarem ecos para suas próprias questões na música da Legião Urbana. 

Não é fácil reproduzir algo assim hoje. Por isso, quinze anos depois, revendo versos como "Há tempos são os jovens que adoecem/e há ferrugem nos sorrisos/e só o acaso estende os braços/a quem procura abrigo e proteção", continuam atuais, fazendo jus a frase latina impressa em todos os álbuns da Banda:

URBANA LEGIO OMNIA VINCIT



quinta-feira, 22 de setembro de 2011

ENTREVISTA EXCLUSIVA COM ARIANO SUASSUNA

Como prometido, aqui vai a íntegra da entrevista que fizemos eu, o cinegrafista Juan Pablo e o radialista e blogueiro Ikeda Gomes, com Ariano Suassuna.

O mestre conversou conosco no último domingo em Areia, onde encerrou a programação do Festival de Artes com uma concorrida aula/show.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

DIÁLOGO COM UM MESTRE


Na manhã de domingo partimos de Guarabira, eu o cinegrafista Juan Pablo e o radialista e blogueiro Ikeda Gomes. O destino foi a cidade de Areia onde à tarde seria encerrado o Festival de Artes com uma aula/show do escritor paraibano Ariano Suassuna.

Por conta da idade e da fragilidade da voz, o autor de O auto da Compadecida pediu que as entrevistas fossem feitas pela manhã, para que ele pudesse descansar antes da aula.

Chegamos à Pousada Villa Real com a gravidade de quem vai entrevistar um mestre da literatura, um ideólogo da arte, um artista tão paraibano quanto universal.

A conversa foi agradável, com a simplicidade e inteligência dos grandes homens, Ariano respondeu aos meus questionamentos e, humildemente, se absteve de falar sobre aquilo que ele julgou não ser de seu domínio.

No final ainda presenciamos um bate papo de Ariano com Genival Lacerda, também hospedado na mesma pousada.

A fotografia  perpetuou este domingo inesquecível.


§

Logo, logo, publicaremos aqui o vídeo com a íntegra da entrevista.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

AREIA: FESTIVAL E IDENTIDADE


Ontem a secretaria de Cultura do Estado divulgou a programação do Festival de Artes de Areia. Isso mesmo, este ano o Festival -  famoso nos anos 70 e 80 e que ganhou edições esporádicas nos anos 90 e em 2005 e 2007 - não será organizado pela prefeitura de Areia ou por entidades culturais locais. Um ou outro areiense cochichou que "o Governo se apropriou do festival".

Bem, se o Estado se apropriou ou não, o fato é que o evento voltou com tudo ao cenário. O foco está totalmente voltado para a discussão de nossa identidade cultural. A programação é vasta e diversificada, começando no dia 14 e terminando com a participação de Ariano Suassuna no domingo 17. A presença de Ariano, aliás, confirma a intenção da Secretaria de promover uma revalorização de nossas raízes. As principais atrações do Festival - além de Ariano, Zé Ramalho, Sérgio de Castro Pinto, Hildeberto Barbosa, Mayana Neiva, Amazan, Kátia de França e Genival Lacerda - são artistas paraibanos.

Acertou o secretário Chico César em propor este perfil. A Paraíba precisa reencontrar os próprios valores e voltar a se admirar.

A paternidade da iniciativa é o que menos importa quando o que se propõe é um resgate da tão combalida auto-estima paraibana.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

PARAÍBA SEM AMOR



Hoje dei uma vasculhada nos principais sites de notícias da Paraíba.

Nenhum dos que visitei deu destaque a Jackson do Pandeiro.

Se estivesse vivo, o Rei do Ritmo, completaria 92 anos neste 31 de agosto. Não li nenhuma linha sobre um dos mais geniais artistas do Brasil. Não visualizei nenhuma manchete sobre o mestre, nascido em Alagoa Grande, que é reverenciado por nove entre dez músicos brasileiros. Nada sobre o nordestino que, com uma abordagem própria, ombreou com Luiz Gonzaga como matriz da cultura nordestina no século XX.

Havia o lixo político de sempre, o sangue que transborda cada vez mais para dentro de nossas casas, a deprimente rotina das subcelebridades.

A Paraíba e suas mentes pequeninas não merecem Jackson.


sábado, 20 de agosto de 2011

PERSPECTIVA DA NATUREZA A PARTIR DO MEU QUINTAL - PARTE II

Do mundo de meu quintal enxergo as curvas da Serra da Jurema, que ondula e deixa vislumbrar um horizonte, cuja perspectiva se prolonga pelos corredores montanhosos do Brejo. A cinza das nuvens que escondem a Serra, o sol crepuscular que a coloca num espetacular contraluz em amarelo, lilás e laranja. A parábola prismática, quando o sol beija as gotas d'água. Tudo isso é visível a partir de meu quintal.






quinta-feira, 18 de agosto de 2011

JORNALISMO E ÉTICA, POESIA E CINEMA


A noite de quarta-feira foi movimentada em Guarabira. No auditório do Sesc, o Jornalista e Poeta Artur Silva lançou o documentário O vendedor de poesia. O curta conta a história de Severino Gabriel, um dos últimos folheteiros - vendedores de literatura de cordel que perambulam pelas feiras recitando os versos - da Paraíba. A narrativa conta uma trajetória de 53 anos, em que seu Severino criou seis filhos com a renda da poesia. 

Ao final da sessão houve dez minutos de aplausos.


Já na Câmara Municipal, os profissionais de comunicação de toda a região tiveram a oportunidade de participar de um debate sobre jornalismo e ética. O evento foi promovido pela AGI - Associação Guarabirense de Imprensa, em conjunto com a API. A mesa redonda contou com a participação dos Jornalistas Rubens Nóbrega (Jornal da Paraíba), Marcela Sitônio (Presidente da API) e Josinaldo Malaquias (professor da UFPB).

Quem compareceu saiu acrescido de conhecimento, quem não foi, ou já sabe de tudo ou é tão limitado que não percebeu o valor da oportunidade de debater com alguns dos maiores profissionais deste Estado.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

34 ANOS SEM MORTE



Há exatos 34 anos Elvis Presley foi encontrado morto dentro de um banheiro de Graceland, sua casa em Memphis. 

Em 1977 ele experimentava uma decadência física evidenciada pelo excesso de peso, fruto de medicamentos para glaucoma. Além deste medicamento, Elvis tomava diariamente dezenas de pílulas, para acordar, dormir, ficar alegre ou cantar. A silhueta e a voz não eram as mesmas que o transformaram no Rei do Rock.

Independentemente das discussões sobre quem seria o pai do rock, a verdade é que sem Elvis, o gênero provavelmente não teria conquistado o mundo de forma tão fulminante.

O que os os diretores da Sun Records enxergaram nele, além de um som inovador, foi a possibilidade de levar ao público em geral (leia-se branco) a essência da música dos negros embalada numa pele clara. Um garoto jovem, bonito, carismático e ousado (as danças de caráter quase sexual causaram polêmica com ele, com um negro, nunca seriam aceitas) que cantava como os melhores bluesman do Mississipi, seu estado natal.

Com esta qualidades, Elvis se tornou um produto perfeito para se vendido para todo o mundo. Alcançou patamares nunca imaginados, que depois só seriam igualados por Beatles e Michael Jackson. O detalhe é que, ao contrário dos outros, Elvis Nunca saiu da América do Norte para fazer shows. Fora dos EUA só se apresentou no Canadá. Lógico que não faltaram convites, o problema era que o empresário do cantor - o controverso Coronel Parker - era imigrante ilegal e não podia sair dos Estados Unidos e acabou privando o mundo de ver apresentações do Rei ao vivo. 

Mas houve um dia em que este sonho se realizou, pelo menos de forma virtual. Em 14 de fevereiro de 1973, os fãs  de 40 países puderam ver o show Aloha From Hawaii, transmitido ao vivo - via satélite pela primeira vez na história - direto de Honolulu. A grandiosa apresentação foi, até então, o evento mais assistido da história. A renda foi revertida para uma instituição filantrópica. Aloha From Hawaii rendeu um álbum duplo, que chegou ao primeiro lugar da Billboard em maio de 1973. Quem viu Elvis naquele dia, em plena forma, jamais imaginaria que dali a quatro anos ele estaria morto.

Mas...quem disse que Elvis morreu?

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

FESTA NA SERRA

Quarta-feira foi dia de Caravana da Verdade em Solânea. Toda a equipe do Correio Verdade, liderada ao vivo por Samuka Duarte, participou da festa, que teve forró e prestação de serviços. 

O evento marcou a inauguração da mais nova emissora de rádio do Sistema Correio de Comunicação, a Correio da Serra FM 100,3. 


Depois da solenidade de inauguração - prestigiada por líderes políticos, jornalistas e autoridades - a rádio passou a transmitir direto de Solânea o Correio Debate, com a presença de Fabiano Gomes, Heron Cid e Wellington Farias. 


A seguir algumas fotos da festa:
Com Fabiano Gomes e Wellington Farias (Correio Debate)
e a repórter Daniela Pimentel
Ao vivo, direto!
TV se faz em equipe
Nos estúdios da Correio da Serra, Heron Cid conversa com
Rei, prefeito de Borborema.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

PERSPECTIVA DA NATUREZA A PARTIR DO MEU QUINTAL

Moro em um apartamento cuja varanda posterior dá para uma área verde considerável, cortada pelo rio Guarabira. Esta localização já me proporcionou flagrantes bastante interessantes, alguns até improváveis. A partir de hoje vou compartilhar alguns deles.

A foto abaixo foi feita esta tarde, quando um piado típico de ave de rapina me chamou a atenção. Não deu outra. Agucei o zoom de minha câmera na direção do gavião, que prontamente me retribuiu com um olhar telescópico e desconfiado.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

CONSCIÊNCIA INSÍPIDA X DELICIOSA REVOLTA


Logo de manhã vejo minha amiga Eugênia Victal postar no twitter que oito de agosto é o Dia Nacional de Combate ao Colesterol.

Tuitei: "Ok, vou cancelar a a costelinha de porco que iria comer no almoço!!" Brincadeira, óbvio. Não tinha costelinha no menu. Se tivesse, confesso, não cancelaria de forma alguma!!!

É bem verdade que os problemas cardiovasculares tem matado muita gente. O problema é bem palpável e se tornou pior desde que nossa alimentação se tornou mais "americana".

Mas também é verdade que é muito difícil, torturante e frustrante (eu poderia dizer mais...) ficar longe de algumas delícias como a já citada costelinha, uma boa feijoada, um pirãozinho, camarão (ou o que seja) no côco. Depois um docinho (de côco, mamão ou leite) e uma rede para dar vazão aos apelos da  siesta. Na nossa correria cotidiana há de se ter uma fonte eventual de prazer e, às vezes, a única coisa boa de determinados dias é a refeição.

Já ouço o coro da patrulha anoréxica dizendo que estou pregando o caos gastronômico e promovendo hábitos pouco saudáveis.

Calminha. Defendo o consumo sem culpa, mas, não tão constante. Além disso, outras coisas bem prazerosas, podem ajudar a conter a sanha da gordura que se aloja nos vasos e convida à enfermidade. Todas elas já foram estudadas e ajudam a evitar problemas : vinho tinto (com destaque especial para o Syrah), azeite de oliva, aveia, caminhadas e...sexo.

Portanto, com um pouquinho de bom senso, dá pra aproveitar os sabores sem dissabores (trocadilho imperdoável) futuros.

Mas se você é dos mais revoltados e não quer nem ouvir falar de restrições à mesa, o jeito é se acostar ao bom humor malcriado de Vinícius de Moraes:

NÃO COMEREI DA ALFACE A VERDE PÉTALA...

Não comerei da alface a verde pétala
Nem das cenouras as hóstias desbotadas
Deixarei as pastagens às manadas
E a quem mais aprouver fazer dieta.

Cajus hei de chupar, mangas-espadas
Talvez pouco elegantes para um poeta
Mas peras e maçãs, deixo-as ao esteta
Que acredita no cromo das saladas.

Não nasci ruminante como os bois
Nem como os coelhos, roedor; nasci
Onívoro: dêem-me feijão com arroz

E um bife, e um queijo forte, e parati
E eu morrerei feliz, do coração
De ter vivido sem comer em vão.


quarta-feira, 3 de agosto de 2011

SERRARIA 'QUASE ARROMBA A RETINA DE QUEM VÊ'

Hoje estive em Serraria - terra dos meus amigos Roberta Shirley e Wellington Farias -  para fazer reportagens que vão ser veiculadas no Correio Cidades e Correio Espetacular. O foco foi a Rota Cultural Caminhos do Frio. Gastronomia, cachaça, engenhos e arte, tudo à espera dos visitantes que podem aproveitar a programação especial até domingo.

Mas Serraria, seus engenhos, cachaças e sua natureza exuberante estão lá durante o ano inteiro. Vale a pena conferir tanta beleza.

Só pra estimular um pouco, aí estão algumas das fotos que fiz lá.









terça-feira, 2 de agosto de 2011

JORNALISMO, ÉTICA E CIDADANIA NA UEPB

No próximo dia 17, a AGI - Associação Guarabirense de Imprensa, e a Associação Paraibana de Imprensa – API, vão promover duas palestras no auditório do Campus III da UEPB em Guarabira.

Ética no Jornalismo é o primeiro tema. A palestra será ministrada por Josinaldo Malaquias professor da UFPB, Jornalista, Advogado, Mestre em ciências da Informação e Doutor em Sociologia. O jornalista Laerte Cerqueira, atualmente atuando como repórter na TV Cabo Branco, vai falar sobre Jornalismo Cidadão. Laerte é graduado em Jornalismo pela UFPB, Especialista em Jornalismo Cultural e Mestre em Letras.

Conheço Josinaldo e Laerte de longa data.

O primeiro foi meu professor de Legislação e Ética Jornalística na UFPB. Dono de uma larga experiência em vários campos de conhecimento e atuação profissional, Malaquias é um excelente contador de histórias e um eterno boa praça.

Já Laerte foi meu colega de curso na graduação e na especialização. Também atuamos juntos na TV Correio. Profissional competente e premiado, é um dos caras de comunicação que posso chamar de amigo.

Com certeza as palestras serão uma boa oportunidade para os repórteres, ancoras e redatores de todo o brejo. Conhecimento, informação e reciclagem são sempre salutares.

Vou estar na primeira fila.


quarta-feira, 27 de julho de 2011

MUDANÇAS NA TV CORREIO


Diovane Filho informou hoje no twiter que se desligou da TV Correio. No post, o jornalista se despediu de forma emocionada. Durante os últimos anos ele foi editor do Correio Espetacular. Agora Diovane vai enfrentar um novo desafio como editor do Jornal da Arapuan.

O Espetacular, que foi recentemente reformulado e transferido para o sábado, ficará sob a direção de Linda Carvalho. Familiaridade não vai faltar, já que ela é apresentadora do programa desde a primeira edição ao lado de Abelardo Jurema.

As mudanças ainda atingiram o Cantos e Contos, apresentados pelos Nonatos, que era dirigido por Linda. O novo editor do programa ainda vai ser definido.


LITERATURA, PASSADO E PRESENTE


Ontem foi um dia literariamente especial. Logo de manhã ao acessar o site do escritor, jornalista e crítico de TV Anco Márcio (www.ancomarcio.com), me deparei com um post que tecia comentários sobre meu trabalho como repórter. Fiquei feliz com as referências elogiosas, principalmente por dois motivos: Anco entende do assunto e não precisa fazer elogios para agradar ninguém. 

A literatura? Bem, quando criança eu tinha entre os meus preferidos dois livros de Anco Márcio : Historinhas de Ninar e A invasão do Reino Encantado de Mimesópolis.


Mas a coisa não acabou por aí. No começo da tarde um carteiro me entregou um exemplar de O cristal dos verões, livro lançado em 2007 pela Editora Escrituras para comemorar os 40 anos da poesia de Sérgio de Castro Pinto. Dias atrás, o próprio Sérgio entrou em contato comigo pelo Facebook e perguntou se eu  tinha um exemplar. Diante da negativa, fez a gentileza de me enviar o volume, que vem se juntar a outros que tenho do grande poeta paraibano.

O cristal dos verões contém poemas de todos os livros de poesia de Sérgio: Gestos Lúcidos (1967), A ilha na ostra (1970), Domicílio em trânsito (1983), O cerco da memória (1993), A quatro mãos (1996) e Zôo imaginário (2005).

A leitura é obrigatória para qualquer um que se interesse por poesia e literatura. Sérgio é, na minha opinião e sem demérito para os demais, o maior poeta paraibano vivo e um dos maiores do Brasil. Um arquiteto dos versos, com o rigor e um João Cabral de Melo Neto, mas com um humor que passa longe da sisudez do Camarada diamante.

Reler poemas como Rio-têxtil, Camões/Lampião, Noturnos, Atos Falhos e A coruja é um delicioso exercício nostálgico e estético.

Para compartilhar um pouco desta boa sensação, reproduzo aqui uma das pérolas desses 40 anos de poesia:


POETA X POEMA

nem sempre o poeta
ronda o poema
como uma fera a presa.

às vezes, fera presa e acuada
entre as grades do poema-jaula,

doma-o o chicote das palavras.






sábado, 23 de julho de 2011

AMY E O CLICHÊ DOS 27


Aos 27 anos, Amy Winehouse sai da vida para se encaixar no clichê criado com as mortes de Jimy Hendrix, Jim Morrison e Janis Joplin e tardiamente repetido por Kurt Cobain. Música, holofotes, estrelato, drogas e um tormento interior perene...

Como os outros, ela vai passar a ser venerada como uma espécie de avatar musical ("meus heróis morreram de overdose"), que passou pelo mundo para brindar os mortais com sua arte inigualável ( ah, a necrofilia da arte).  Tão impressionante quanto fantasioso. Amy - sem dúvida uma cantora extraordinária - viveu num limbo entre a realidade e o delírio, entre a delícia e a desgraça. No final, só encontrou a saída deste labirinto para o barco de Caronte.

De sublime, ficou o canto registrado em apenas dois álbuns.

terça-feira, 19 de julho de 2011

ÁGUAS E DESAMPARO


A imagem acima foi registrada ontem no município de Mulungu, onde o rio Mamanguape subiu e desabrigou cerca de 50 famílias, além de transtornar outras tantas. A casa paroquial e as escolas da cidade estão servindo de abrigo. Faltam alimentos, cobertores e roupas. Duas crianças foram socorridas para o Hospital de Trauma da Capital depois de sofrerem queimaduras de terceiro grau, num incêndio causado pelo fogo de um candeeiro, usado para iluminar a casa, já que a energia da cidade foi desligada para evitar qualquer curto-circuito.

O garotinho de fraldas, espreitado pelo rio, que ameaça entrar pelos fundos da casa, é um símbolo do sofrimento e desamparo de todas estas famílias.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

SOBRE ROCK E GENIVAL LACERDA


Hoje é o dia mundial do Rock. Este ritmo que nasceu das raízes negras e se expandiu pelo mundo graças a um branco com alma e voz de negro, acabou se tornando o gênero musical mais influente que existe. O Rock moldou a moda, quebrou preconceitos, subverteu comportamentos e sugeriu modos de pensar e viver.

Elvis, Beatles, Stones, Zeppelin, Pistols, Guns, U2, Nirvana, Oasis, Strokes, fizeram e fazem parte da vida de milhões de pessoas em todo o mundo.

No Brasil o mesmo aconteceu com Celly Campelo, Roberto, Mutantes, Secos e Molhados, Raul, Cazuza, Legião, Lobão, Chico Science...

Raul Seixas dizia que Elvis e Jerry Lee tinham a ver com Genival Lacerda. Pois bem, é isso. O Rock é, por natureza, irreverente, seja no sentido debochado, satírico, irônico ou contestador. O que está fora disso está fora do Rock.

§

Hoje nós tivemos o prazer de participar do Conexão 90 graus, apresentado por Ikeda Gomes na Guarabira FM. Especial Dia Internacional do Rock. Na foto Josinaldo Januário, Paulo Costa, este blogueiro e Ikeda Gomes.

terça-feira, 12 de julho de 2011

DE NOVO, OUTRA VEZ, NOVAMENTE


Tá ficando chato.

Na madrugada de hoje a agência do Bradesco de Alagoinha foi pelos ares. Os bandidos fugiram, mas dois deles se deram mal. Se acidentaram e foram catados pela polícia nas proximidades de Mulungú. A dupla é de Alagoinha mesmo e foi encontrada com R$ 7.000. Os outros dois integrantes da quadrilha deram no pé. 

Tá ficando chato por conta da repetição. Quantos já foram desde o começo do ano? Confesso que já perdi a conta. 

Mais: de ontem pra hoje foram quatro ataques a instituições bancárias só na região do brejo. Assalto ao Banco do Brasil de Mari, assalto ao Multibank de Belém, arrombamento de caixa eletrônico em Guarabira e a explosão de Alagoinha.

Tudo que vira rotina fica chato. Daqui a pouco, isso não é mais nem notícia, de tão corriqueiro.


segunda-feira, 11 de julho de 2011

CRIME, REPÓRTERES E UBIQUIDADE


Ubiquidade é a propriedade de estar em vários lugares ao mesmo tempo. Pois bem, venho percebendo que esta deve ser uma característica a ser conquistada por nós, os repórteres.

Hoje fui a Mari para cobrir o assalto ao Banco do Brasil, por volta do meio dia. Houve tiroteio e um refém foi arrastado por pelo menos um quarteirão. Chovia bastante e a coisa não estava muito fácil. Mas ainda não era tudo. Uma fonte me ligou informando que o Multibank de Belém acabara de ser assaltado. Com a reportagem pela metade eu não poderia largar tudo e seguir pra lá. Resultado: Belém ficou sem cobertura.

Na semana passada, eu estava finalizando um VT em Arara, onde um posto de combustíveis foi assaltado, quando um popular chegou numa moto e anunciou: Os Correios de Bananeiras acabaram de ser alvo de uma dupla de assaltantes! Percorremos rapidamente os vinte quilômetros que separam as duas cidades e conseguimos fazer a reportagem ainda no calor dos acontecimentos. O problema é que, enquanto estávamos na frente da agência da ECT, alguém liga pra dizer que um grupo de comerciantes havia sofrido um seqüestro relâmpago em Alagoinha. Aí não teve jeito. Três ao mesmo tempo já é um pouco demais.

Política de segurança pública equivocada, lei que afrouxa prisão para ladrões, tudo contribui para este estado de coisas.

Só aprendendo a desenvolver o dom da ubiquidade para acompanhar o ritmo dos criminosos.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

VÁ PRA PQP


O prefeito de Mari, Antônio Gomes, e o radialista mariense Fabiano Lima andam estremecidos. 
Semana passada o comunicador questionou, em seu programa na Rádio Guarabira FM, por que toda festividade promovida pela prefeitura de Mari tinha a dupla Sirano e Sirino entre as atrações. Resultado: no domingo, durante o São João Pedro - onde estavam tocando...Sirano e Sirino - o gestor subiu ao palco e passou a criticar o radialista de forma contundente. Para fechar com chave de ouro, um dos forrozeiros da dupla usou o microfone para mandar Fabiano, digamos, "de volta ao convívio de sua mãe".
Isso é que é saber conviver com o contraditório.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

TRÁFICO DE ANIMAIS EM MAMANGUAPE


Nas primeiras horas da noite de hoje, a Polícia Ambiental e o IBAMA localizaram em Mamanguape, uma residência onde havia mais de cem animais silvestres aprisionados.

A ação ocorreu depois de uma denúncia anônima. Ao chegarem ao local os policiais e os fiscais do IBAMA constataram que o funcionário público Mário Dias de Lima, de 63 anos, mantinha um grande viveiro onde havia mais de cem aves de pequeno e médio porte, além de quatro cotias. Entre os pássaros, chamou a atenção a presença de papagaios amazônicos, o que, segundo as autoridades, reforça a hipótese de tráfico de animais.

Segundo Jaime Pereira, do IBAMA, o proprietário dos animais pode pagar uma multa de mais de R$ 140.000,00 já que foi confirmada a posse de espécies ameaçadas de extinção. Além do procedimento administrativo, Mário Dias vai responder a processo criminal. 

Os animais foram apreendidos e serão encaminhados ao CETAS - centro de triagem de Animais Silvestres - onde passarão por uma avaliação clínica.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

NOVO CHICO: INTERNET E BASTIDORES

Na próxima segunda-feira Chico Buarque, uma das lendas vivas de nossa música, põe em pré-venda na internet (www.chicobastidores.com.br) seu novo álbum, lançado pelo selo Biscoito Fino. Quem fizer a encomenda antecipada, já que o CD só chega às lojas no dia 20 de julho, vai receber uma senha através da qual terá acesso à primeira música de trabalho, capa e um vídeo que mostra os bastidores de todo o processo de produção da obra (confira o trecho abaixo). 

Um novo álbum de Chico sempre gera expectativas. Ele não costuma fazer concessões mercadológicas e só lança algo novo quando tem o que falar. Embora eu ache que desde os anos noventa, quando Luis Cláudio Ramos passou a fazer arranjos para as canções dele, Chico tenha passado por um processo de sofisticação que tirou parte de sua virilidade, ou para melhor dizer, de sua malandragem intrínseca, não se pode questionar a qualidade poética e musical deste ícone da MPB. Vem coisa boa por aí.




Chico Bastidores from Chico Buarque Bastidores on Vimeo.

terça-feira, 14 de junho de 2011

DEUS: DÁ PRA EXPLICAR?

 De acordo com o site http://www.arteducacao.pro.br , 14 de junho é o Dia Universal de Deus ( favor não confundir com outras "universalidades"). Confesso que não sei por que motivo a data foi associada ao tema. De toda forma, a informação me fez pensar sobre o conceito de divindade. Como enxergamos o sagrado desde o tempo em que costumávamos morar nas cavernas. É interessante perceber como nas comunidades mais primitivas esta noção de algo superior e incriado povoa nosso imaginário.

Independente das opiniões em contrário, acredito que haja verdade na ideia de que a inteligência não pode surgir do caos. A harmônica arquitetura cósmica e microscópica dá lugar a ideia de que uma inteligência suprema coordena tudo.

O problema é que, além dessa lógica, sobra gente tentando explicar "quem" (como se fosse uma pessoa) ou o que é Deus. No fim das contas, falam muito e dizem quase nada.

Diz a lógica que tudo o que se aproxima da ideia de perfeição, teoricamente, se aproxima de Deus. Mas o próprio conceito de perfeição é falho, por ser observado através do caleidoscópio de nossa consciência imperfeita.

Se Deus se chama Iaweh, Alah, Tupã ou se eles todos são faces dessa divindade, o fato é que a tentativa de explicá-lo e compreendê-lo atravessa os milênios com poucos resultados.

É como se o sentimento, imponderável como o divino, estivesse mais apto a avançar nessa relação. Sentir Deus seria menos desconcertante do que tentar entendê-lo, como bem ilustrou Gilberto Gil numa de suas mais inspiradas canções.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

ENTREVISTA - WELLINGTON FARIAS


Wellington Alexandre de Farias nasceu em Serraria, no brejo paraibano, há 53 anos. Seu primeiro emprego, aos 13 anos, já tinha relação com a comunicação. Wellington foi mensageiro de posto telefônico. Quando alguém ligava para o posto de Serraria querendo falar com algum morador, era ele quem ia até a casa do cidadão avisar sobre a chamada. Radicado em João Pessoa desde 1972, tem uma longa história no Jornalismo paraibano. Em 2011 se tornou um dos integrantes do trio que compõe o Correio Debate, da rede Correio Sat. Bem ao seu estilo, ele conversou com o Televisonário e não fugiu de polêmicas. 

T – Como foi que você começou a trabalhar com jornalismo? 

Comecei na imprensa na Rádio Tabajara, então PRI-4 com sede na Rodrigues de Aquino, no centro de João Pessoa. Fui levado pelo jornalista Gilvan de Brito, então diretor de jornalismo da Tabajara. Não sabia nada de jornalismo, noticia etc. São lia e ouvia. O grande redator Armando Nóbrega estava para sair da emissora. Eu desempregado, ainda muito jovem, e conhecia Gilvan que me ofereceu a chance. O cavalo estava passando selado e eu montei. Era um desafio, sobretudo para um jovem do meu nível cultural e de conhecimento zero de jornalismo. Aceitei o convite e comecei como rádio-escuta. Ouvia os noticiários da Rádio Globo, "O Globo no ar". Gravava num gravador de rolos de fita. Transcrevia tudo para o papel e passava para o locutor ler na hora do noticiário nacional e internacional. 

T - Alguém te orientava? 

Os redatores e locutores me orientavam principalmente Paulo Rosendo e Assis Mangueira. Paulo foi o noticiarista da Tabajara ao longo de anos. Ele fazia o Informativo Tabajara. Às vezes eu pegava eventualmente uma notícia, redigia sem saber, aquele texto truncado de aprendiz. Ela pegava de primeira na cabine de rádio e ajeitava o texto no ar. Era uma fera. 

T - E depois desse aprendizado inicial na Tabajara, o que aconteceu? 

Aconteceu que Paulo Santos tomou uma mal tomada e foi demitido do jornal A União. Ele trabalhava comigo na Tabajara e me encaminhou ao então chefe de reportagem do jornal, Frutuoso Chaves, com um bilhete que dizia: "Frutu, esse magrelo trabalha comigo na Tabajara. Joga uma pauta em cima dele pra você ver". Ai fui estagiar e tem uma história muito curiosa nesse estágio. Quer saber? 

T - Com certeza. 

Eu fui fazer o estágio. Como não sabia de nada, nunca tinha feito reportagem, entrevista etc, Gilvan de Brito, que me deu a mão na Rádio Tabajara, redigiu as "minhas" notícias nos primeiros dias. No primeiro teste, quando Frutuoso leu o "meu" texto, espantou-se: "Cara, onde você aprendeu? Você tem um dos melhores textos do jornalismo paraibano”. Só que as matérias eram de Gilvan. Uma semana depois, Gilvan deixou de fazer e eu comecei a fazer os meus. Outro susto em Frutuoso: quando ele leu meu texto mesmo reagiu: "Oxente, cara, o que está havendo, você desaprendeu geral". Foi muito engraçado 

T - Quando foi que você notou que aprendeu de verdade? 

Exatamente quando boa parte das minhas matérias passou a ser manchetes do jornal. Ai senti que tinha engatado, decolado. 

T - Você já tem uma longa estrada no jornalismo. Por onde ela passou? 

Rádio Tabajara, jornal A União, jornal O Norte, TV Tambaú, correspondência do jornal O Globo (cobri as primeiras eleições diretas na Paraíba para o Globo), freelancer para a revista Veja. Jornal Diário do Estado, em Natal. Acho que só. 

T - Na verdade você esqueceu o Sistema Correio... 

Jornal Correio, claro, onde passei a maior parte da minha carreira. Essa foi grave! 
Passei várias vezes pelo Correio 

T - Tem algo que você considera que marcou sua trajetória? 

Pelo menos no momento atual, não. Mas acho que o que mais marcou minha trajetória no jornalismo impresso, pela grande repercussão nacional que teve, foi a reportagem que fiz denunciando o plágio de Zé Ramalho com a música Força Verde. Faz muito tempo, mas até hoje (esta semana mesmo no rádio) as pessoas falam e perguntam a respeito. 

T - No documentário de Elinaldo Rodrigues (O herdeiro de Avôhai), Zé diz que o texto – retirado de uma revista do Incrível Hulk e que serviu de base para a letra da música - não tinha crédito e que consultou o produtor. O cara teria dito que aquilo era só um gibi e que não tinha problema. Você acha que o erro foi cometido por ingenuidade mesmo? 

Não é verdade, está lá nos créditos. Texto de William Yeats com tradução de Roy Thomas. 

T- Você tem uma opinião sobre o que levou Zé, autor de grandes letras, a não creditar o poeta e acabar se metendo nessa confusão? 

Ele leu o gibi dez anos antes. Musicou o texto e mostrou para colegas de música, em João Pessoa, como se fosse de sua autoria. Um deles, cujo nome me foge à memória, me contou isso. Exatamente dez anos depois, em 1982, ele já famoso, incluiu a música, muito bonita e bem arranjada, naquele que seria o seu grande disco. E deu explicações sobre Força Verde, que tinha a ver com a natureza brasileira etc. Foi em entrevista ao Jornal do Brasil, capa do Caderno B anunciando o lançamento do disco. O que ele disse, não tinha nada a ver, de fato, com a história que viria à tona depois. 

T - Houve má fé então? 

Disso não tenho a menor dúvida. Zé é um grande compositor, músico fantástico. Não precisaria disso. Bastava ele citar que o texto era de William Yeats e musicado por ele. Imagina só, o mérito pra ele, ter competência (e muita) para musicar bem um texto do Premio Nobel de Literatura. Acho que seria melhor pra ele. Mas tem aquela história intima da ganância e da vaidade de ser demais em tudo. Deu errado. Ele passou oito anos sem gravadora depois disso (N.E. – depois de Força Verde Zé lançou mais cinco álbuns, sem conseguir repetir os sucessos anteriores, até que foi dispensado pela gravadora). Ele na época, disse que na reportagem que fiz eu estava a serviço de Wilson Braga, porque o parente da tia dele ou dele, Antonio Mariz, disputava com Braga o Governo do Estado. Detalhe: fui eleitor de carteirinha de Mariz e jamais votei em Braga. Era meu dever profissional divulgar aquilo. Senão eu não seria jornalista. 

T - Você não tem medo de mexer vespeiro, não é? 

Não. Quando essa informação chegou à redação do jornal, foi como um enxame. Ninguém queria fazer. Todos fugiram inclusive os jornalistas da área de cultura. Eu era chefe de reportagem e achei um absurdo que um fato desse fosse escondido. Me comprometi a fazer, a matéria tinha que sair. A questão foi discutida até no Palácio, no governo de Burity, eu acho, porque o jornal era do governo e Zé um talento da Paraíba. E decidiram lá: desde que o autor assine, pode fazer. Eu fiz, assinei e a matéria saiu. 
Quem correu da raia, deu demonstração de que, no fundo, não é jornalista! 

T – Wellington Farias se considera polêmico? 

Eu termino sendo polêmico pela minha característica de abordar temas que para os nossos padrões não são comuns. Veja que alguns jornalistas bateram pino para fazer a matéria do plágio. É este o papel da imprensa, se recusar a tornar os fatos públicos? Quando é para elogiar, não falta gente. Trabalho jornalisticamente sempre pensando no consumidor de informação. Procuro fazer aquela pergunta que o consumidor de informação quer fazer, que se identifique com ele, que atenda às suas aspirações 

T - Tem muita gente fazendo jornalismo lagartixa atualmente na Paraíba? 

É o que mais tem. Nunca vi uma fase tão ruim da nossa imprensa como esta. Acho que o toco está institucionalizado. Uma vergonha para a nossa imprensa. Hoje temos uma imprensa dividida: a imprensa de Cássio; a de Maranhão. Existe a imprensa Ricardista? Ai justiça se faça ao governador: a imprensa Ricardista é aquela que está ao lado de qualquer governador. Mas não sinto que Ricardo tenha esse perfil de comprar jornalistas. Posso estar enganado, mas não vejo isso. Mas acrescento: Ricardo não compra jornalista, mas também não gosta de jornalista que lhe faça crítica e, se possível, ele pode até pedir a cabeça ou, por qualquer via, tentar calá-lo. 

T – Não existe um certo elogio da ignorância na imprensa paraibana atualmente? 

É claro que o elogio a ignorância compromete qualquer trabalho jornalístico. O jornalismo que aplaude a ignorância por si só é ignorante também. O jornalismo também tem a missão de educar, abrir horizontes e formar opinião. Nada disso combina com a ignorância. 

T – E a ignorância dos próprios jornalistas? 

Já foi pior no passado. No tempo em que iniciei era muito pior. O nível de ignorância era muito maior. Havia dois três, no máximo meia dúzia, que havia lido Dom Quixote ou tinha o hábito de leitura. O resto era zero à esquerda, culturalmente. Presenciei muitos vexames e vergonhas alheias em entrevistas coletivas com pessoas cultas e preparadas, pelo nível das perguntas dos jornalistas. Sabe aquele coleguinha passar um tremendo atestado de ignorância, de analfabetismo e sem o menor conhecimento do assunto em questão?!! 
E, em algumas ocasiões, fiquei calado, também pela minha própria ignorância sobre o assunto. 

T- Você já foi censurado? 

Tantas vezes que perdi a conta. Censura é uma das coisas que mais me angustiam. Não tenho problema nenhum com salário baixo. Sempre ganhei pouco. Com jornada de trabalho beirando a escravidão moderna. Tudo isso eu tolero. Mas algumas vezes, sobretudo no jornal impresso, tive sérios problemas com censura. E, pasme, geralmente por uma conveniência do editor de plantão. 

T - Diante dos percalços da profissão já pensou em mandar tudo às favas? 

Inúummmerasss vezes! Já fiz isso uma vez. Não dá certo. Jornalismo é uma cachaça. Você não aguenta ficar fora. Mas já vivi momentos de tanta angústia com limitações ao exercício da profissão, do fazer jornalismo, que pensei em cair fora. Fiz uma tentativa que não durou mais de três meses. 

T - Serraria e a música te ajudam nesses momentos de angústia? (N.E. O jornalista mantém, de forma voluntária, uma escola de música em sua cidade natal) 

Muito. Serraria nem de longe é a Serraria dos meus bons tempos de infância e adolescência. Mas Serraria me remonta aos melhores períodos da minha vida. E a música é uma terapia fantástica: mexe com a alma, com todos os sentimentos, provoca emoções e relaxa. Todo mundo deveria tocar um instrumento ou cantar. 

T - Um garoto está entrando hoje no curso de jornalismo, cheio de vontade e idealismo. Qual o seu recado pra ele? 

Continue, é uma profissão maravilhosa. Mas é acima de tudo um sacerdócio. Se estiver entrando por mera vaidade, caia fora e vá fazer Direito ou Medicina. Mas se sabe qual a finalidade do jornalismo e qual a missão do jornalista, continue. Agora, quando se formar, caia fora da Paraíba. Fazer Jornalismo aqui é utopia