De pai pra filho. Assim foi
durante gerações. Nordestinos, desterrados ou residentes, tiveram na música e
na indumentária de Luiz Gonzaga um símbolo, um mito e, principalmente, uma âncora
que os mantinha firmes em suas raízes. Lembro que, na infância, na festa de São
João na casa da minha família, não podia faltar o novo LP do Rei do Baião. Junho
passava ao som de Pagode Russo, Deixa a tanga voar, Forró número um e
Sanfoninha choradeira.
De pai pra filho. Vi o filme de Breno
Silveira. História centrada no conflito entre Gonzagão e o filho Gonzaguinha. No
pano de fundo, a trajetória deste extraordinário artista/inventor Luiz Gonzaga.
Filme honesto, que não caiu na tentação de retratar o Rei como um personagem
impecável. São os erros dele, os amores frustrados, as tragédias, os
desencontros com o filho, a genialidade musical e a alegria criativa das
performances nos palcos que fazem do filme uma obra emocionante. Em algumas passagens, olhos marejados não são
difíceis de encontrar, mesmo no escuro da sala. O diretor correu o risco de
contar a história de um mito e, a meu ver, teve sucesso.
Na saída, passando numa loja,
encontrei o CD duplo da turnê A vida do viajante, que reuniu Gonzaguinha e
Gonzagão. Reconciliados após anos de desencontros, eles emocionaram o Brasil com
um show que mesclava as duas obras e que foi a celebração do reencontro afetivo
e musical de dois universos, tão distantes e tão intimamente ligados. No encarte,
Gonzaguinha fala de como nasceu o projeto do show e como foi importante para
eles. Diz que, no começo, só ele, e “Caixa D’água, um ‘louco’ de João Pessoa”,
acreditavam no sucesso da empreitada.
Eu já desconfiava que Mané Caixa D’água sabia
das coisas, só não imaginava que tinha dedo dele nisso...
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