segunda-feira, 6 de junho de 2011

CRÔNICA DE DESPEDIDA PARA DEJAN PETKOVIC




O tempo prendeu a respiração enquanto a torcida agitava as mãos no simbolismo real de uma transfusão de energia. As lembranças do momento, impregnadas de emoção, sugerem a ilusão de que um silêncio ensurdecedor se impôs enquanto o camisa 10, posicionado, tinha a visão premonitória de um portal que o conduziria ao seleto recinto da imortalidade. O chute, a trajetória perfeita e impossível, o esforço sobre-humano do goleiro para impedir, em vão, a passagem da bola. Ele não sabia que o que resvalou em suas mãos não poderia ser detido, pois era o próprio destino irrefreável.

O ano era 2001, o Flamengo se tornava, contra todos os prognósticos, tricampeão estadual. O gol de falta de Dejan Petkovic, o Pet, o transformou em um ídolo inesquecível.

Mas se engana quem acha que o gringo só fez isso pelo Rubro Negro. Neste mesmo ano, com outro belo gol de falta, Pet ajudou o Flamengo a vencer a Copa dos campeões. Já em 2009, voltou ao clube depois de um período perambulando por outras agremiações. Aos 37 anos, foi recebido com desconfiança, mas aos poucos mostrou que seu futebol de rara categoria ainda estava intacto. No Brasileiro daquele ano ele fez dois gols olímpicos e também um dos mais belos gols do campeonato, quando driblou a zaga do Palmeiras e aproveitou uma brecha no tempo/espaço para finalizar de forma primorosa. Junto com o Imperador Adriano, Pet desequilibrou partidas e se destacou num time de estrelas.

Neste domingo Dejan Petkovic fez sua última partida pelo Flamengo. Durante 45 minutos a torcida teve a oportunidade de vê-lo desfilar como um legítimo herdeiro da camisa 10 de Zico. Um camisa 10 como poucos e, hoje em dia, cada vez mais raros. Um craque, um ídolo, eternamente em nossos corações.

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