quinta-feira, 7 de abril de 2011

SOBRE UM DIA DEDICADO AOS JORNALISTAS


Uma vez um homem leu todos os livros de direito a que teve acesso. Pelo seu notório conhecimento foi chamado de rábula. Outro aprendeu, na prática, todas as minúcias da construção de casas. Ganhou o nome de mestre de obras. Um terceiro lidou, desde menino, com toda sorte de engrenagens, pistões, correias e outras peças. Mecânico ficou sendo seu nome. Eles não eram advogados, engenheiros civis ou mecânicos.
Um garoto estudou até o ensino médio, ou nem isso. Cresceu, arrumou emprego numa difusora, ou num jornal de bairro. Exigiu que o chamassem de jornalista.
O que isso quer dizer?
Para levar notícias a milhões de pessoas e formar opinião não é necessário um preparo específico?
Respondem os opositores: Jornalismo não é ciência. Eles têm razão. Jornalismo não é ciência. Ciência é a comunicação. Todo jornalista é um comunicólogo com habilitação em jornalismo. E um comunicólogo sabe muito mais do que falar, escrever, opinar e se postar diante de câmeras. Todas estas atividades podem ser consideradas técnicas. Qualquer pessoa que tenha uma boa base e conheça a língua portuguesa pode aprender a escrever de acordo com os moldes do radiojornalismo, telejornalismo, jornalismo impresso ou outro qualquer. O que não se aprende tão facilmente é a teoria da comunicação, que observa, codifica e decodifica todas as manifestações de transmissão de conhecimento, desde as pinturas rupestres até a cibercultura. Este arcabouço teórico, somado ás noções de filosofia, sociologia, antropologia, ética, história e conhecimentos específicos das tecnologias dos meios de comunicação e suas peculiaridades, fazem toda a diferença.
O olhar do comunicólogo sobre os fenômenos da comunicação e da vida comum é diferente, simplesmente pelo fato de ele ter mais recursos teóricos para fazer a análise. Um bom exemplo disso foi o de Rachel Sheherazade, alçada à uma cabeça de rede por conta de uma opinião embasada sobre o carnaval e suas meias verdades - e vejam que eu nem concordo com tudo que ela disse, mas a lógica e a base do discurso dela impuseram respeito. O segredo?  Uma visão panótica. É possível sem um diploma? Sim. Existem jornalistas diplomados e idiotas? Sim, mas acredito que são exceções. Rachel não é exceção, é regra. É também um alento.
Tem muita gente escrevendo. Mais gente ainda falando (inclusive os papagaios). Mas tem pouquíssima gente dizendo alguma coisa.

Um comentário:

  1. O texto não nega.Retrata com total e absoluta perfeição, sua visão sobre jornalismo.Ah... e tem até sua inreverencia no final.

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