segunda-feira, 30 de maio de 2011

PARAIBA, MEU AMOR?


Há algumas semanas elogiamos a atitude do secretário Chico César, que declarou que o Estado não financiaria forró de plástico nas festas juninas. Estou, portanto, muito à vontade para questionar agora o comportamento dele. O Governo já anunciou que não vai investir um tostão no São João de Campina Grande, oferecendo apenas o obrigatório apoio logístico. 

O chato é que, se para Campina não ficou nada, para Caruaru, rival pernambucana de nosso São João, sobrou atenção. Chico César é uma das atrações do evento, como podemos conferir da programação extraída do site oficial. 

CARUARU 2011 

Sábado, 18
19h Chiclete com Banana
21h Maestro Forró
22h30 Chico César
0h30 Waldonys
2h Amigos Sertanejos 

Alguém deve perguntar: é proibido? 

Não. Outros artistas paraibanos como Zé e Elba ramalho também vão se apresentar por lá. Mas, cá prá nós, um secretário que comprou briga a pretexto de defender a cultura paraibana não deveria ter mais consideração com a festa local? Tocar em Caruarú, no meio desta polêmica, no mínimo, pegou mal.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

EXCESSOS, TOCOS E, AINDA, CENSURA



Hoje a AGI - Associação Guarabirense de Imprensa, publicou a seguinte nota:


Nota de Repúdio e Solidariedade 

A Associação Guarabirense de Imprensa – AGI, vem por meio desta repudiar o “comportamento inadequado” do vereador José Ismai, que nesta terça-feira, 24 de maio, após a leitura da votação dos “Vereadores mais Atuantes” realizado pelo Comitê de Imprensa, daquela casa, taxou a imprensa guarabirense de “meia dúzia” e insinuou que a mesma “foi vendida” para beneficiar qualquer vereador naquela votação. 

Queremos ressaltar que os números que a cada semestre são atribuídos para cada vereador pelos integrantes do Comitê de imprensa da Casa Osório de Aquino, é realizado para estimular os mesmos a se vigiarem e atuarem sempre com melhores resultados, perante o cargo que ocupa.(SIC) 

Lamentamos que o uso da tribuna para “tal ato” tenha sido durante sessão, quando os microfones estão abertos em cadeia com emissoras de rádios locais, e ainda sendo transmitida pela internet. 

Lamentamos por fim, que o vereador com este comportamento, seja o “líder do governo municipal”, posto este, que era para ser exercido por um parlamentar com mais “temperança e controle emocional”. 

Aos nossos associados, nossa solidariedade, e caso o parlamentar não se retrate na próxima sessão desta quinta-feira, 26, nos mesmos microfones da tribuna, sugerimos aos associados intitulá-lo como ‘persona non grata’ desta instituição, estando nosso departamento jurídico a disposição dos associados para as devidas reparações. 

Guarabira, 25 de maio de 2011 

Gentil B. A. Filho 

Presidente da AGI


§


Bem, o vereador Zé Ismai fez uma acusação séria. Por isso mesmo, se tinha conhecimento do fato, deveria ter dado nome aos bois, para evitar que todos os profissionais de imprensa fossem atingidos pelo ataque. Errou quando generalizou e não teve coragem de dar o(s) nome(s) dos tais "vendidos".

O fato é que se sabe de festas e sorteios feitos por vereadores às vésperas de votações como estas. Não que os profissionais não possam comparecer nem receber os brindes, mas trocá-los por votos, são outros quinhentos.

A AGI cumpre seu papel saindo em defesa da categoria. Só gostaríamos que a nossa querida Associação tivesse demonstrado a mesma agilidade na semana passada quando, obedecendo a uma portaria da Secretaria de Segurança, o Ten. Cel. Ysmar Mota proibiu a divulgação diária do Relatório Operacional do 4º BPM, prejudicando o trabalho de repórteres e meios de comunicação de toda a região.

A AGI repetiu em Guarabira o silêncio da API e dos Sindicatos da Paraíba diante da sonegação de informações a que fomos vergonhosamente submetidos.




terça-feira, 24 de maio de 2011

FLAGRANTE DE DESUMANIDADE

O último dia 18 foi marcado pelas comemorações dos dez anos da Lei da reforma psiquiátrica. O texto, que entrou em vigor em 2001, foi responsável por uma mudança profunda no tratamento de pessoas com sofrimento mental. Hoje os manicômios são evitados e os serviços substitutivos, como o Caps, tratam os portadores de uma forma humanizada e integrada com a família.

Mas, apesar dos avanços, ainda é possível encontrar casos chocantes de maus tratos contra deficientes mentais. Neste fim de semana, uma reportagem nossa mostrou, no Correio Espetacular, o caso de Roberto Félix de Meireles, portador de transtorno mental que é mantido, pela própria mãe, dentro de um chiqueiro, no Sítio Camará, zona rural de Pilõezinhos. 

Abaixo a íntegra do vídeo que nossa equipe gravou no local.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

SILÊNCIO NOS QUARTÉIS



Ontem os profissionais de imprensa que trabalham nas cidades que integram a área de abrangência do 4º BPM receberam a seguinte, e desagradável, nota emitida pelo Ten. Cel. Ysmar Mota:

EM VIRTUDE DA PUBLICAÇÃO DA PORTARIA Nº 060/2011/SEDS NO DIÁRIO OFICIAL Nº 14.644, DATADO DE 18 DE MAIO DE 2011, DA LAVRA DO EXMO. SR. SECRETÁRIO DE ESTADO DA SEGURANÇA E DA DEFESA SOCIAL DO ESTADO DA PARAÍBA – CLÁUDIO COELHO LIMA, O COMANDO DO 4º BATALHÃO DE POLÍCIA MILITAR, ATRAVÉS DA PRESENTE NOTA PASSA A ESCLARECER O SEGUINTE:


1 O inciso II da referida portaria determina, in verbis: 

"a proibição de qualquer forma de exposição pública de preso ou pessoa sob sua guarda, devendo a autoridade policial adotar, ainda, as providências a seu alcance para impedir a exposição indevida do preso. Inc. II da PORTARIA Nº 060/2011/SEDS (Grifo nosso); 

2 Diante da citada determinação e tão somente visando o seu cumprimento, este comandante desautoriza ao COPOM, bem como a todos os integrantes do 4º BPM, a tornar público (através do repasse aos veículos de comunicação) o teor das informações constates no RELATÓRIO DE COORDENAÇÃO OPERACIONAL, no qual constam dados pessoais de presos, a situação de como ocorreu à prisão e a acusação que pesa sobre os mesmos;

§

Como a portaria é da Secretaria de Segurança, a determinação vale para todo o Estado.

Trocando em miúdos: a partir de agora os repórteres serão impedidos de entrevistar quaisquer acusados presos. Cinegrafistas e fotógrafos serão impedidos de registrar imagens. O Ministério Público já havia se manifestado neste sentido. Sabemos que os exageros de alguns profissionais catalizaram esta decisão. Sabemos também que quem está preso tem direitos e, pelo menos de minha parte, acho que eles tem que ser respeitados, mas acredito que a decisão sobre gravar ou não entrevista é do próprio entrevistado. A medida ainda gera uma distorção: Poderemos mostrar e gravar entrevistas com as vítimas, mas os autores dos crimes ficarão confortavelmente protegidos.

Já no que diz respeito à não divulgação dos relatórios operacionais, a situação é mais grave, eu diria preocupante. O relatório orienta o trabalho de dezenas de repórteres neste Estado, que o utilizam como base para suas pautas policiais. Além disso, as informações contidas ali são uma prestação de contas da Polícia Militar sobre seu trabalho nas últimas 24 horas.

Será que a sociedade não tem direito de saber o que está acontecendo? Qual é a utilidade desta sonegação de informações? O que podemos pensar de quem está escondendo uma informação que deveria ser pública? Esta sonegação é constitucional? São perguntas que todos os companheiros de imprensa se devem fazer.

Onde estão as entidades de classe? Associações e sindicatos vão ficar mudos?

É esperar pra ver, ou para não ver - nem falar - mais nada.









terça-feira, 17 de maio de 2011

CULTURA E RESISTÊNCIA

Hoje estive em Areia, patrimônio histórico brasileiro, para acompanhar a programação que marca os 165 anos de emancipação política da cidade. No Teatro Minerva, o primeiro fundado na Paraíba, foi aberto o II Seminário de Turismo e Identidade Cultural. O evento contou com as presenças de Chico César, Secretário de Cultura do Estado, de Oliveira de Panelas e do professor Aderaldo Luciano, doutor em literatura de cordel.

As palestras giraram em torno da revalorização das raízes culturais nordestinas. Chico César, que foi injustamente crucificado nos meios de comunicação por afirmar que o Estado só vai pagar por atrações que tenham identidade com nossa cultura, reafirmou a posição e deu um exemplo interessante: segundo ele, em recente viagem de João pessoa a Catolé do Rocha - ou seja, num período de pelo menos seis horas - procurou por todas as frequencias do dial em busca de um único forró legítimo e não encontrou. Não duvido. E esta é a verdadeira ditadura da mediocridade. O que o secretário quer é, somente, abrir espaço para aqueles que não se renderam ao dinheiro fácil e insistem heroicamente em fazer música nordestina legítima.

Aderaldo Luciano falou sobre a importância do cordel para o Nordeste e como o gênero passeia por temas que vão do cangaço ao realismo fantástico, das pelejas às notícias mais recentes. O cordel como ferramenta didática e trincheira de resistência cultural foram temas que o professor defendeu com ênfase e paixão.

Oliveira de Panelas, um verdadeiro virtuose do repente, impressionou jovens e idosos com rimas que pareciam saltar de sua boca. E no tema da resistência e valorização das matrizes culturais de nossa terra, fuzilou: "Eu não troco meu oxente, pelo ok de seu ninguém". 

A razão do mestre é incontestável. Não que devamos virar as costas para tudo que não é nosso, mas, nos lembremos de fincar primeiro nossas raízes antes de ligarmos nossas antenas.

Oliveira de Panelas

segunda-feira, 16 de maio de 2011

RPM: MAIS DO MESMO, E DAÍ?



Ontem o RPM, grupo que vendeu mais de 6 milhões de cópias nos anos oitenta, ressuscitou pela 3ª vez (os outros renascimentos aconteceram na década de 90 e no começo dos anos 2000). Paulo Ricardo, Paulo PA Pagni, Fernando Deluqui e Luiz Schiavon se apresentaram no Domingão do Faustão.
A banda volta à cena com um álbum de inéditas, que está sendo lançado homeopaticamente para download. Na primeira remessa são quatro faixas disponíveis no www.rpm.art.br : Crepúsculo, Dois Olhos Verdes, Muito Tudo e Ela É Demais. Outras faixas vão ser disponibilizadas gratuitamente até o lançamento do cd físico em julho, que deve trazer bônus tracks e outras surpresas para quem adquirir.
Na atual situação do rock brasileiro, onde bandas legais não conseguem quebrar a barreira da cena alternativa e as rádios estão cheias de Fresnos e Restarts, quem sabe o RPM - a despeito das desconfianças que sempre rodeiam a reunião de bandas extintas - não tira da manga alguma boa e velha surpresa?

sexta-feira, 13 de maio de 2011

ABOLIÇÃO, EXCLUSÃO, EQUÍVOCOS E ESPERANÇAS

Quando a escravidão foi abolida a caminhada dos afro-descendentes brasileiros estava apenas começando. Tanto tempo depois, as senzalas não tem muros e a opressão é tácita, educada. Ainda hoje as populações negras estão no topo do analfabetismo e da lista das vítimas de homicídios entre jovens. 
A lei e os governos tentam diminuir as diferenças, mas as letras no código não fazem tanta diferença assim. Um racista não vai deixar de sê-lo por conta de um parágrafo da constituição. A questão tem que ser combatida na raiz cultural.
Além disso, em nome de reparações históricas se comete outras injustiças como o sistema de cotas das universidades. Imagine que você é um garoto branco e pobre, que a duras penas conseguiu uma boa pontuação no vestibular. Como se sentiria ao saber que seu vizinho negro, que pontuou menos, vai entrar na universidade e você vai ficar de fora e perder a perspectiva de uma vida melhor? Isso não é discriminação? É sim. Com o branco, que mesmo tendo méritos, vai ser prejudicado. Com o negro, que está recebendo uma "mãozinha", como se não tivesse capacidade e que, eventualmente, vai ser vítima de preconceito por ter ingressado através do sistema de cotas.
No Brasil a maior discriminação é a pobreza. Se o sistema de cotas contemplasse - a exemplo do ProUni (pelo menos na teoria) - as populações menos favorecidas, estaria beneficiando os negros e pardos, que são a absoluta maioria nesse extrato social. O problema seria resolvido sem causar distorções ou injustiças, já que os "excluídos" seriam os mais ricos, que poderiam migrar para as universidades particulares sem maiores problemas.
De uma coisa estamos certos, as Universidades têm um papel fundamental na construção de uma sociedade mais justa. 
Quanto a nós, é preciso trabalhar, dia após dia, para que a enraizada semente do preconceito seja extirpada de nosso corações e mentes.

§

O vídeo a seguir mostra a comunidade quilombola de Caiana dos Crioulos, na cidade de Alagoa Grande. A reportagem foi exibida no Correio Espetacular, da TV Correio/Record PB, em 2008. Fica aqui como nossa homenagem ao dia em que a desumanidade da escravidão foi oficialmente extinta em nossa terra.


quarta-feira, 11 de maio de 2011

BOB MARLEY - 30 ANOS DEPOIS



Há trinta anos morria de câncer o cantor e compositor jamaicano Bob Marley. Considerado o pai do reggae, Bob foi mais do que isso. Através de sua música, frequentemente voltada para temas sociais e espirituais, ele alcançou o mundo inteiro a partir de uma ilha da América Central, repleta de descendentes de escravos. 
Marley foi o primeiro, e talvez único, popstar do terceiro mundo.

domingo, 8 de maio de 2011

MATERNIDADE

A publicidade da TV mostra mães e filhos unidos, presentes e carinho. A relação mostrada é, na verdade, idealizada. Não que isso seja ruim - é necessário um parâmetro positivo, um modelo harmonioso de relação familiar. Mas o vídeo tem endereço certo: as classes média e alta, que tem recursos financeiros para consumir os presentes e tentar repetir este ideal. Lógico que esta harmonia existe, até mesmo em lares menos favorecidos, onde não importa o valor do presente, e sim o carinho, o respeito e a consideração dos filhos. Torcemos para que esta relação saudável possa alcançar a todos. Mas, para isso, é preciso que nós melhoremos enquanto grupo social. Se nos concentrarmos na família idealizada e esquecermos as famílias reais com suas privações e sofrimentos, não iremos muito longe.
A reportagem a seguir mostra uma destas famílias, onde uma mãe usa todas as suas forças para não perder os filhos para as drogas. 


sábado, 7 de maio de 2011

DIA DA COMUNIDADE, DIA DE CONTRIBUIR

Hoje é o dia da comunidade. Para marcar a data, tiramos do nosso baú a história do cordelista Márcio Bizerril. Ele usa sua arte em prol da comunidade, educando e informando através de seus versos.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

SOBRE JORNALISMO E GALOS DE BRIGA


É difícil de entender como algumas categorias podem ser tão corporativistas, combativas no que diz respeito aos seus direitos, conscientes de sua unidade, ao mesmo tempo em que outras são tão desunidas e auto destrutivas.
Presenciamos há algum tempo a luta dos policiais militares de todo o país pela PEC 300, que pode garantir uma melhoria salarial substancial para eles.
A propósito, alguém aí viu alguma manifestação dos jornalistas paraibanos pela PEC 033/09? Bem, existe uma boa chance do amigo leitor nem saber do que se trata. A PEC 033 é a PEC do diploma e visa regulamentar a profissão de jornalista e ressuscitar a exigência da formação acadêmica para o exercício. Pois bem, alguém aí encontrou uma passeata de imprensados pela aprovação da emenda?
A resposta é não. Uma categoria desmobilizada e individualista não seria capaz. Por isso os salários continuam baixos, a carga horária pesada, o segundo emprego e os "tocos" ainda não foram abolidos - se bem que a infame raça dos toqueiros receberia uns trocadinhos mesmo que ganhasse salário de rei.
Mas, fora esta questão, temos presenciado uma das mais ridículas expressões da pequenez que tomou conta de nossa imprensa: a troca de farpas, e mesmo ofensas, entre profissionais de comunicação. E o pior, tudo por causa de posicionamentos e apadrinhamentos políticos. Esta semana pude presenciar um caso em Guarabira, mas o fato está longe de ser isolado. A imprensa estadual está cheia disso. Como galos de briga eles se engalfinham, numa luta onde só quem leva vantagem são os donos e só quem se machuca são os próprios galos.
Os colegas esquecem que, antes de lados ou preferências políticas, nós somos membros de uma só categoria. O companheiro que ironizamos, desprezamos ou atacamos hoje, pode estar na mesma empresa que nós amanhã. Pode inclusive estar numa posição de maior destaque que a nossa. Podemos até precisar da boa vontade dele na busca de um emprego, depois de uma das viradas da maré da vida. 
Enquanto não entendermos isso, continuaremos sendo uma categoria desprestigiada e inexplicavelmente arrogante.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

CONVULSÃO NO RÁDIO GUARABIRENSE

Rafael San
Rodrigo Costa
Zé Roberto
Hoje conversei com um ex-funcionário da Rádio Cultura de Guarabira sobre as recentes mudanças nos quadros da empresa - Nos últimos 20 dias os radialistas Zé Roberto, Rafael San e Rodrigo Costa (que pediu demissão hoje) abandonaram a rádio - e fui informado de que as convulsões internas partiram da sala da direção. De acordo com a fonte, depois que o médico Geraldo Camilo , dono de 40% das ações, decidiu participar mais ativamente do cotidiano da emissora, o sócio majoritário, João Rafael de Aguiar, teria passado a pressionar os profissionais em busca de melhores resultados no campo editorial e, principalmente, comercial. 
Segundo o radialista, a equipe estava tensa e sempre era culpada por qualquer problema. Se sentindo desprestigiados, tendo em vista a audiência e a qualidade do trabalho que desempenhavam, os profissionais decidiram aceitar propostas de outras rádios. Zé Roberto já estreou na Constelação FM, Rafael foi para a Talismã FM, da cidade de Belém, e Rodrigo Costa seguiu o mesmo caminho.
Resta saber como JR pretende tocar os jornalísticos da empresa com desfalques tão importantes. Fala-se de um âncora vindo de Alagoa Grande. É esperar pra saber se a qualidade vai ser mantida ou se vai ficar provado que a Cultura jogou fora o que tinha de melhor.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

HOMENAGEM A RAFAEL DE CARVALHO



Neste final de semana tivemos o prazer de conhecer Mary, Roberta e Rogéria Neubauer de Carvalho, respectivamente viúva e filhas do ator, dramaturgo, compositor e escritor Rafael de Carvalho. Elas vieram prestigiar a abertura da exposição Rafael de Carvalho, um artista do povo - 30 anos de saudade, que vai se prolongar durante todo o mês de maio em Caiçara, cidade natal do homenageado. Conversamos com elas e pudemos sentir a emoção das lembranças que guardam de um homem que nunca esqueceu suas origens e a cultura popular da Paraíba. Um cidadão que lutou contra a ditadura militar e que foi perseguido por ela. Um artista múltiplo que estava se perdendo na memória dos paraibanos.

Rafael nasceu em Caiçara em 1918 e fez carreira no cinema, atuando em 34 filmes, entre eles, películas importantes como Macunaíma, Terra em Transe, O homem que virou suco, Fogo morto e Eles não usam black tie. Escreveu teatro e participou de programas humorísticos nas TVs Exelsior, Rio e Tupi. Também atuou em novelas como a primeira, e censurada, versão de Roque Santeiro e as popularíssimas Gabriela, Saramandaia e O bem amado. Seu último trabalho na telinha foi a novela Rosa Baiana, veiculada na TV Bandeirantes em 1981, ano de sua morte. Escreveu livros e vários folhetos de cordel, chegando a ser presidente da Associação Brasileira de Cordelistas e também foi um dos precursores do Museu do Folclore do Rio de Janeiro, o maior do gênero no Brasil.

A exposição está sendo organizada pelos voluntários do Grupo Atitude e reúne um bom acervo a respeito do artista, incluindo vários vídeos de seus filmes e novelas. Vale a pena conferir esta bela iniciativa que tenta corrigir o injusto hábito que temos de relegar nossos artistas ao ostracismo.